Desenvolver um plano de negócios rigoroso e com conteúdo relevante é essencial para o sucesso de qualquer empresa.
Existem erros que podem comprometer a eficácia deste documento vital. Nesta publicação exploramos 10 erros frequentes que são necessários evitar durante a criação do seu plano de negócios.
A nossa experiência ao acompanhar PMEs e Startups revela que evitar esses erros é crucial para garantir que o seu plano de negócios é bem estruturado e eficaz.
1. Falta de Clareza no Propósito do Plano de Negócios
Um dos erros mais comuns ao desenvolver um plano de negócios é não ter um propósito claro e definido. Muitos empreendedores veem o plano de negócios apenas como um requisito para obter financiamento, esquecendo-se de que também serve como uma ferramenta estratégica para orientar o crescimento e a operação da empresa.
Um plano de negócios deve clarificar os objetivos a curto e longo prazo, detalhar os passos necessários para atingir esses objetivos e fornecer um roteiro para monitorar o progresso.
Importância do Propósito
Ter um propósito bem definido não só facilita a obtenção de financiamento, como também ajuda a alinhar todos os membros da equipa em torno de uma visão comum. Sem essa clareza, a empresa pode perder o foco e desviar-se dos seus objetivos principais. A definição clara do propósito do plano deve responder a questões como:
- Qual é a missão e visão da empresa?
- Quais são os principais objetivos a serem alcançados?
- Como o plano será utilizado para orientar a gestão e a operação diária?
2. Análise de Mercado Insuficiente
Outro aspeto que é frequente lidar prende-se com o facto de pesquisa de mercado ser inadequada ou insuficiente, sendo este um erro crítico que pode comprometer todo o plano de negócios.
Muitos empreendedores subestimam a importância de uma pesquisa detalhada sobre o mercado, concorrência e tendências do setor. Sem uma compreensão profunda do ambiente em que a empresa vai operar, é impossível fazer previsões financeiras precisas ou desenvolver estratégias eficazes.
Profundidade da Pesquisa
Uma pesquisa abrangente deve incluir:
- Análise do mercado: Identificação do tamanho do mercado, segmentação, comportamento do consumidor e tendências.
- Concorrência: Avaliação dos principais concorrentes, suas forças e fraquezas, e a estratégia competitiva.
- Tendências do setor: Monitorização de novas tecnologias, mudanças regulatórias e outras tendências que possam afetar o negócio.
3. Objetivos Financeiros Irrealistas
Esta é talvez a área onde existe uma abordagem mais errática, na medida em que é quase imperativo que as projeções se traduzam numa boa avaliação da viabilidade do projeto de investimento.
Este comportamento pode levar a que as projeções financeiras excessivamente otimistas conduzam a uma menor credibilidade do plano de negócios. Investidores e financiadores são um público alvo sofisticado e estão particularmente atentos a previsões financeiras que parecem demasiado boas para ser verdade e podem rejeitar um plano que não é de todo realista.
Realismo nas projeções financeiras
Para evitar este erro, baseie as suas projeções financeiras em dados concretos e benchmarks do setor. A utilização de cenários diferentes (pessimista, realista e otimista) é reveladora de uma boa prática já que fica evidenciado que considerou várias possibilidades e que está preparado para diferentes resultados. Além do mais, fazer passar o projeto por um cenário de stress é revelador da sua viabilidade mesmo em cenários adversos
Inclua as seguintes informações:
- Montante total de investimento (ativos tangíveis, intangíveis)
- Projeções de receita realistas e se possível baseadas em pesquisa de mercado.
- Análise detalhada dos custos operacionais.
- Análise adequadas das necessidades de financiamento do projeto.
- Proporção equilibrada entre capital próprio e capital alheio.
- Indicadores de avaliação do projeto (p.e. VAL, TIR, Prazo de Retorno de Investimento).
- Planos de contingência para lidar com imprevistos financeiros.

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4. Ignorar Concorrência
Subestimar ou ignorar a concorrência é um erro que pode ser fatal para um novo negócio. Mesmo que acredite ter uma ideia única, é quase certo que haverá concorrentes diretos ou indiretos no mercado.
Análise Competitiva
Uma análise competitiva robusta deve identificar os concorrentes atuais e potenciais, avaliar as suas estratégias e determinar como o seu negócio se diferencia. Perguntas chave se impõem:
- Quem são os principais concorrentes diretos?
- Principais produtos e serviços oferecidos?
- Quais são os seus pontos fortes e fracos?
- Existem concorrentes indiretos que oferecem soluções alternativas ao mesmo problema?
- Quais as novas entradas no mercado que podem tornar-se concorrentes relevantes?
- Qual é a política de preços dos concorrentes?
- Como o seu preço se posiciona em relação à concorrência?
- Canais de publicidade (online e offline) mais utilizados pelos concorrentes?
- Quais os principais canais de distribuição utilizados?
- Principais canais de atendimento ao cliente utilizados?
- (…)
5. Plano Demasiado Extenso e Detalhado
Poderia ser evidente salientar um erro comum que é abordar a questão do plano de negócios como um documento parco em informação relevante e pouco sofisticado, mas na verdade, um plano de negócios demasiado extenso também pode ser contraproducente. Leitores ocupados, como investidores e financiadores, podem não ter tempo (ou paciência) para percorrer um documento longo e detalhado. É essencial ser conciso e focado.
Mantenha o plano de negócios claro e direto, focando-se nas informações mais importantes. Confira um bom “user experience” ao documento para o tornar legível e fácil de navegar. Inclua um sumário executivo que resuma os pontos principais de forma sucinta.
6. Falta de Estruturação e Organização do Plano de Negócios
Um plano de negócios desorganizado pode ser confuso e difícil de seguir. Uma estrutura clara e bem organizada facilita a compreensão e a utilização do plano.
Saiba como estruturar um plano de negócios eficaz. Pelo menos deve incluir:
- Sumário Executivo: Visão geral do plano e dos objetivos principais.
- Descrição da Empresa: História, missão, visão e valores.
- Análise de Mercado: Pesquisa de mercado e análise competitiva.
- Organização e Gestão: Estrutura organizacional e perfis da equipa de gestão.
- Plano de Marketing e Vendas: Estratégias de marketing e canais de vendas.
- Projeções Financeiras: Demonstrações financeiras e previsões.
- Apêndices: Documentos de suporte, como CVs, patentes, etc.
7. Falta de Prova de Tracção
Investidores procuram sinais de tração para avaliar o potencial de sucesso do seu negócio. Sinais positivos podem ser demonstrados através de clientes, parcerias estratégicas, protótipos funcionais, entre outros.
Demonstrar Tracção
Inclua evidências concretas de progresso e aceitação no mercado, como:
- Clientes iniciais: Contratos, cartas de intenção ou feedback positivo.
- Parcerias estratégicas: Acordos com fornecedores, distribuidores ou outros parceiros.
- Prototipagem e Testes: Resultados de testes de produto ou serviço.
8. Não Rever e Atualizar o Plano
O ambiente de negócios é dinâmico e o seu plano de negócios deve refletir isso mesmo. Um plano desatualizado pode conter informações erradas e estratégias inadequadas.
Reveja e atualize o plano de negócios regularmente para refletir mudanças no mercado, novas oportunidades e desafios emergentes. Mantenha um ciclo de revisão que permita incorporar feedback e ajustar estratégias conforme necessário.
9. Falha em Identificar Riscos e Planeamento de Contingência
Todo negócio enfrenta riscos e um plano de negócios sólido deve identificar esses riscos e apresentar estratégias de mitigação.
Gestão de Riscos
Faça uma análise SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats) para identificar riscos internos e externos. Desenvolva planos de contingência para lidar com possíveis desafios, como:
- Riscos financeiros: Volatilidade de mercado, falhas de financiamento.
- Riscos operacionais: Interrupções na cadeia de fornecimento, problemas de qualidade.
- Riscos de mercado: Mudanças nas preferências dos consumidores, novas regulamentações.
10. Não Utilizar o Plano como Ferramenta de Gestão
Um plano de negócios não deve ser apenas um documento estático, mas uma ferramenta dinâmica para a gestão do negócio. Muitos empreendedores cometem o erro de criar um plano de negócios e depois deixam-no de lado.
Utilize o plano de negócios como uma ferramenta de gestão para definir metas, monitorar progresso e aplicar medidas corretivas na medida em que é o impulsionador para tomar decisões estratégicas.
Já abordámos anteriormente a relevância de ajustar o plano conforme o negócio evolui e os objetivos mudam, mas não menos importante, é o facto de o plano de negócios poder (e deve) convergir com outras práticas de gestão para garantir uma abordagem integrada e coesa na gestão da empresa.
A integração de várias práticas de gestão (p.e. gestão estratégica, gestão orçamental e planeamento financeiro, operações…) no plano de negócios ajuda a alinhar objetivos, otimizar recursos e melhorar a eficácia das operações.
Considerações Finais
Consideramos pertinente colocar em perspetiva algumas abordagens menos eficientes no que toca à elaboração de planos de negócio.
Evitar erros comuns ao criar o seu plano de negócios pode aumentar significativamente as suas chances de sucesso. Lembre-se de que um plano de negócios bem elaborado traduz-se numa ferramenta “flexível” e que evoluir com a sua empresa.
Ao investir tempo e esforço para desenvolver um plano claro e conciso, estará a construir uma base sólida para o crescimento e sustentabilidade do seu negócio. Este compromisso com o planeamento estratégico permitirá que a sua empresa se adapte às mudanças do mercado e se mantenha competitiva a longo prazo.
Um plano de negócios bem desenvolvido também serve como uma ferramenta vital para atrair investidores e parceiros estratégicos. A clareza e a profundidade do seu plano demonstram o seu compromisso e a seriedade com que aborda a gestão da sua empresa. Isso aumenta a confiança dos investidores na sua capacidade de execução e gestão eficaz.
Em última análise, um plano de negócios bem elaborado não é apenas um meio para alcançar as fontes de financiamento para os seus projetos. Trate o seu plano de negócios como uma ferramenta de gestão, que precisa de ser ajustada e refinada à medida que a empresa cresce, além de poder ser complementar em outras áreas de atuação a nível da gestão.